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21/02/2019

O cavalo e a humanidade: Como os equinos ajudaram na constru��o da hist�ria

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A mitologia grega tem na imagem do centauro - metade homem, metade cavalo - um ser forte, inteligente e perigoso. N�o era para menos. Deve ter sido aterrorizante para os gregos antigos, que nunca tinham visto uma pessoa montada naquele animal, enfrentar um bando de cavaleiros com arco e flecha invadindo seu territ�rio, saqueando riquezas e fugindo velozes. A figura do centauro provavelmente foi inspirada nos povos n�mades da �sia central, que come�aram a atacar os assentamentos agr�colas no s�culo 2 a.C. A destreza, a coordena��o e a rapidez dos cavaleiros surpreenderam aquelas comunidades. Como era poss�vel dominar um cavalo assim? Na verdade, o processo de domestica��o foi demorado e n�o se sabe exatamente quando o homem come�ou a montar. Mas � certo que, a partir do momento em que isso aconteceu, surgiu uma nova forma de organiza��o. Os cavalos passaram a ajudar na agricultura, a servir como meio de transporte e como armas de guerra, mudando a balan�a de poder entre as civiliza��es at� a primeira metade do s�culo 20 - quando as m�quinas come�aram a ser usadas nas batalhas. "Por meio do manejo do cavalo, o homem das estepes atingiu uma organiza��o socioecon�mica de grande sucesso. [...] Pastoreando os cavalos, os n�mades administraram melhor os recursos dispon�veis e evitaram as correrias desenfreadas que, frequentemente, terminavam com suas barrigas vazias", diz o pesquisador Bjarke Rink em Desvendando o Enigma do Centauro.

O cavalo existe h� 55 milh�es de anos. O g�nero mais antigo de que se tem not�cia � o Eohippus, que tinha a altura de um p�nei e dedos nas patas. H� cerca de 3 milh�es de anos surgiu a esp�cie Equus, ancestral do cavalo atual. Dotada de cascos, ela se espalhou por v�rios continentes. Uma das mais importantes caracter�sticas do cavalo - e que permitiu o sucesso de seu relacionamento com o homem - � que ele precisa de um l�der. Sua capacidade, e mesmo vontade, de transferir lealdade determinou o reconhecimento do humano no lugar de outro equino como guia. E l� se foram juntos, homem e cavalo, rumo ao desenvolvimento das sociedades.
Entre as comunidades n�mades que domesticaram o animal, os hunos se destacam. Eles podiam passar dias seguidos montados num cavalo. At� dormiam nas costas do animal, que servia de alimento, tra��o e transporte. O rei �tila devastou cidades inteiras, no s�culo 5, com sua cavalaria.

Aos poucos, os demais povos aprenderam as habilidades equestres dos n�mades. Ao conviver com o homem sedent�rio, o cavalo passou a ter outro papel, mais atrelado � vida econ�mica. As primeiras academias de equita��o foram criadas na Idade M�dia, baseadas em t�cnicas violentas de conduta.
Inven��es

"Todos os inventos europeus para economizar tempo foram inspirados no cavalo e na equita��o, que acabaria lhe dando o dom�nio do mundo", escreveu Bjarke Rink. A nobreza do noroeste europeu foi respons�vel pela difus�o do uso do cavalo numa rede de comunica��o que depois se tranformaria nos correios. At� as cal�as foram inventadas para a equita��o e depois adaptadas para o uso cotidiano. Nas cidades, os cavalos distribu�am todos os produtos agr�colas e manufaturados e ainda ofereciam locomo��o para as viagens.

Quando a era das grandes navega��es chegou, l� estavam eles. Para os nativos da Am�rica, os cavalos devem ter parecido monstros cru�is - o animal estava extinto na regi�o. Os espanh�is tiraram vantagem disso e ajudaram a espalhar boatos de que os equinos eram bestas m�gicas. Hern�n Cort�z, que comandou a conquista do que � hoje o M�xico, disse: "Pr�ximo a Deus, devemos nossa vit�ria aos cavalos".

No Renascimento, Federico Grisone descobriu o que seria uma gl�ria para a equita��o cl�ssica - e um al�vio para os cavalos. Suas buscas em textos sobre os equinos renderam a descoberta do mais antigo texto sobre cavalaria, o Manual da Equita��o, escrito pelo general grego Xenofonte, em 400 a.C. A obra, que tinha ficado desaparecida por 1 800 anos, oferece uma abordagem mais branda para o adestramento, sugerindo paci�ncia e racionalidade no tratamento dos animais.

Os s�culos 18 e 19 foram marcados por batalhas ferozes. O poder equestre de uma na��o era decisivo. Montado, o guerreiro ficava maior, mais r�pido e forte. "O papel mais importante de um cavalo numa batalha era fazer parte da cavalaria de frente. Essa opera��o, com centenas de milhares de cavalos emparelhados atacando o inimigo, era uma das mais apavorantes e temidas a��es da hist�ria militar. Mil cavalos se movendo a 50 km/h � muito intimidador - al�m de fazer a terra tremer de verdade", afirma Louis DiMarco, autor de War Horse - The History of the Military Horse and Rider ("Cavalo de guerra, a hist�ria do cavalo militar e do cavaleiro",). A derrota de Napole�o em Waterloo (1815) foi um verdadeiro enfrentamento equestre. O general foi para o ex�lio e seu cavalo, Marengo, acabou incorporado �s tropas brit�nicas.
Nos s�culos 19 e in�cio do 20, o mundo estava bem diferente. Mas, cada vez mais, o homem dependia do cavalo. As cidades modernas estavam cheias deles. Nos anos 1800, j� havia congestionamentos nas ruas de Londres. A Revolu��o Industrial n�o poupou os animais. "No s�culo 19, o �horse power� fazia sozinho o que a energia el�trica, o petr�leo e o biodiesel somados fariam no s�culo 20", diz Rink. Em 1870, cerca de 300 patentes foram registradas nos Estados Unidos para maquin�rios que utilizavam cavalos. "Alguns usos eram bem ex�ticos. Por exemplo, em Nova York, existiam ferry-boats movidos a cavalos que giravam as rodas", afirma Clay McShane, autor de The Horse in the City: Living Machines in the Nineteenth Century ("O cavalo na cidade: m�quinas vivas no s�culo 19"). Em 1900, 130 mil cavalos trabalhavam em Manhattan (mais de dez vezes o n�mero de t�xis nas ruas da metr�pole, hoje).

O excesso de estrume, urina e carca�as causava s�rios problemas. "No pico do uso, Nova York tinha um cavalo para cada 26 pessoas. Se fosse a S�o Paulo atual, seriam necess�rios 428 mil cavalos para a cidade funcionar", diz Clay McShane.
Logo que os carros chegaram, era dif�cil acreditar que o animal seria substitu�do. Mesmo nos anos 1940. "Ningu�m imaginava que tantos avan�os tecnol�gicos em energia e transporte pudessem torn�-lo dispens�vel", afirma Rink. Mas foi o que aconteceu. Hoje os cavalos est�o praticamente restritos �s zonas rurais e centros esportivos. No entanto, cresce seu uso em tratamentos terap�uticos e como ferramenta educacional para treinar lideran�a, por exemplo. O fato � que o cavalo j� provou seu valor na Terra. E ainda faz isso, todos os dias.
Jogos equestres

Os esportes com cavalos s�o quase t�o antigos quanto sua domestica��o. A corrida foi a primeira competi��o equestre de que se tem not�cia, em 644 a.C., na 31� Olimp�ada de Atenas. O poeta grego Homero descreveu na Il�ada as regras para esse jogo, dizendo que o primeiro pr�mio seria uma mulher "versada nas prendas dom�sticas". Depois vieram o polo (de origem oriental), as justas, que imitavam guerras com equipes de la�adores, e o enduro, que simulava as grandes cavalgadas realizadas pelos mensageiros. At� hoje, no Afeganist�o, se pratica um jogo criado pelos s�ditos de �tila, rei dos hunos. No Buz Kashi, 300 cavaleiros tentam agarrar um bezerro. O salto derivou da ca�a �s raposas e foi oficializado como uma competi��o de obst�culos de altura em 1865, na Irlanda. Muitos reis praticaram esportes com cavalos e por muitos anos essas competi��es foram "assuntos da nobreza". Ainda hoje pode-se dizer que os esportes equestres exigem uma boa condi��o financeira. � custoso adquirir e manter um cavalo. Alguns garanh�es reprodutores ou campe�es mundiais podem valer dezenas de milh�es de d�lares.


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